Endometriose e Pessoas Transexuais
A endometriose é uma condição médica crônica em que o tecido semelhante ao revestimento interno do útero, chamado endométrio, cresce fora do útero. Normalmente, o endométrio é expelido durante a menstruação, mas, no caso de endometriose, o tecido endometrial se implanta e cresce em outras áreas do corpo, como os ovários, trompas de Falópio, peritônio (membrana que reveste a cavidade abdominal) e outros órgãos da região pélvica.
Essa doença afeta cerca de 176 milhões de meninas e mulheres em todo mundo, de acordo com a OMS. E no Brasil são mais de 7 milhões de casos.
Mas fora do universo feminino existe uma população de pessoas transexuais que também tem suas vidas afetadas pela endometriose diariamente e, além de não serem alvos de pesquisa são eliminados da comunidade global de portadores de endometriose.
Isso se dá pelo fato de muitas vezes essas pessoas sofrem discriminação pelos profissionais de saúde, este fato ocorre em todo o mundo e, principalmente aqui no Brasil. E segundo a professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Maria Amélia Veras, afirma que a discriminação no atendimento acontece a partir de diferentes nuances.
“O estigma e a discriminação se revelam de várias maneiras, como pela recusa do nome social ou pela ausência de contato, seja com um olhar direto ou com a recusa em examinar. Há uma série de dificuldades que aparecem nos estudos nacionais e internacionais, que são muito consistentes, mostrando que há uma barreira de acesso”, diz Amélia.
Segundo a pesquisadora, as pessoas que já sofreram discriminação evitam ou adiam ao máximo a busca pelos serviços devido ao medo de novos episódios de rejeição e preconceito. “Essas pessoas evitam a busca ou retardam ao máximo possível a busca pelos serviços, até que se torne um problema mais sério”, afirma.
Embora a saúde seja um direito de todos, há muitos relatos desse preconceito vivido pelas pessoas transexuais. Que deixa aparente o receio delas ao procurar ajuda médica. E isso dificulta o diagnóstico de algumas doenças, como a endometriose em homens transexuais.
De acordo com um portador transexual, Lucas Fox, o seu diagnóstico também foi diferente das mulheres cis, mas relatou ter tido medo de não conseguir acesso aos cuidados e tratamentos adequados. E que ficava completamente desconfortável em exames em receber exames pélvicos e ultrassons transvaginais, quando os profissionais médicos forçavam instrumentos em seu corpo, por considerar uma invasão ao seu corpo.
Lucas Fox, relatou também, que deseja se manter fértil para que um dia possa ter filhos, e que por isso recusou uma histerectomia (retirada do útero) que os médicos haviam oferecido a ele, pois acreditavam que seria a solução mais fácil para aliviar suas dores.
Além disso, Lucas Fox também disse que: “Muitas pessoas que não se enquadram nos limites de uma definição definida podem se tornar facilmente isoladas, marginalizadas, estigmatizadas e discriminadas. Em uma comunidade de pessoas que sofrem muito de uma condição muito debilitante, é desanimador saber que alguém pode ser ainda mais marginalizado dentro desse grupo, como alguém que é 'diferente', muitas vezes de maneiras muito não intencionais.
Por isso, devemos dar apoio a todas pessoas que sofrem com endometriose e proporcionar mais inclusão, o acesso sem barreiras a suporte e informações que beneficiarão todas as pessoas que enfrentam a endometriose em qualquer aspecto de sua vida. Ações excludentes criam uma comunidade mais fraca e também podem levar à negligência de aspectos importantes da pesquisa baseada em doenças.
Por: Carol Anjos
Referências:
https:// cnn brasil. com. br/ saude/ dia- da- visibilidade- trans- acesso- integral- a- saude-ainda- enfrenta- grandes- desafios/
http:// hormonesmatter. com/ endometriosis- transgender- beyond- gendered-reproductive- health/
https:/ /Alta diagnosticos. com. br/ saude/ endometriose- sintomas- e- tratamento
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